Eu moro na Irlanda faz mais de 13 anos.
As vezes me olho no espelho e não me reconheço, apesar de estar exatamente no lugar que queria estar, fisicamente e emocionalmente e em outras vezes me sinto exatamente como sempre fui, me sinto eu.
Eu não ando pela vida na ponta dos pés, eu faço barulho.
Eu poderia dizer que eu me basto e os afetos que cultivo são dispensáveis, mas não, preciso deles para sobreviver e pra projeta-los meus desejos.
Eu me alimento do efêmero, do que me afeta, das emoções que provoco no outro e das emoções que deixo que provoquem em mim, mas sou dona de mim.
Todo mundo quer uma mulher forte, até ter uma.
Não é fácil lidar com quem sabe o que quer, e eu sei o que eu quero.
Eu não gosto do ordinário, eu quero o grande, o profundo, o doloroso, o que me faz crescer.
Eu gosto de quantidade, de morrer de amor e sobreviver.
Eu gosto de pertencer e não Ter que me adequar.
É coragem e não a sorte que nos salva de uma vida medíocre e nos leva a uma vida extraordinária.
E hoje, uma taça de vinho na minha própria companhia é a mais perfeita tradução de estar no lugar certo, acompanhada de mim mesmo, inteira, presente.
Estou contando os minutos para esse lockdown acabar e eu poder me levar por aí, a jantares, viagens, brunches, lugares, me perder e me encontrar.
Again, and again
Até o final.
Ou, até um novo começo.