Crônica, Maternidade, Vida Na Irlanda

Não se afobe não….

Quando a Chloe tinha 4 anos a professora da pré escola irlandesa que ela frequentava, me disse que ela não estava preparada para ir para a escola primária.
Eu me senti ofendida e levei até para o lado pessoal da coisa.

Como assim ela não está preparada?! Ela sabe todo o alfabeto e conta até 30!? Até umas continhas de somar ela sabe!Plus, ela ama ir pra escola!

Eu não era mãe de primeira viagem, mas era como se fosse.
No Brasil, o sistema de ensino é diferente do da Irlanda e as crianças começam a alfabetização no primeiro ano escolar a partir dos 4 anos.

Quando a Chloe frequentava a pré escola irlandesa, o governo pagava 1 ano de free pre-school.
No meu caso, se eu escutasse o conselho da professora dela, eu teria que pagar esse ano extra de pré escola, não foi esse o motivo que nos levou a ignorar a observação feita, mas muitas famílias não tinham outra escolha a não ser mandar as kids, mesmo imaturas, para educação infantil, eu mandei por teimosia mesmo e por pura ignorância do sistema irlandês. 
Eu gostaria muito que naquela época alguma amiga me contasse como seria, mas as mais chegadas tinham filhos mais novos do que os meus.
Vendo o alto índice de crianças despreparadas também nas escolas secundárias, o governo desde de o ano passado, passou a oferecer a educação gratuita nos dois anos que antecedem a escola primária para evitar que Pais se sintam pressionados financeiramente a tomar essa decisão.
Dizem que o filho mais velho sofre e vou te confessar que sofre mesmo.
Hoje, com o Breno na escola secundária e a Chloe na primária, me sinto muito mais segura para tomar decisões em relação a Mia e a Amy.
Quando a gente tem o primeiro filho, a gente se preocupa deles estarem preparados para encarar a alfabetização, apesar de importante isso já não é o que me preocupa, apesar de achar completamente equivocada essa pressa no processo, sei que cada criança é diferente da outra e seu nível de maturidade também, acho até que a Mia e a Amy são mais maduras do que a Chloe era na mesma idade, mas o que me hold back  hoje, ao decidir adiar o início da escola primária das crianças é se elas estarão preparadas para serem, no segundo grau, os mais novos da turma. 
Ou se aos 17 anos eles estarão prontos para decidirem o que querem fazer para o resto da vida.
Como eu não tenho uma bola de cristal, que me faz sonhar, prefiro não arriscar.
Recusei a vaga oferecida a Mia esse ano e ela voltou para fila de espera do ano que vem.
(ela só teria 4 anos e 2 meses, seria ainda mais nova do que a Chloe era)
Como a Amy só faz aniversário no final de agosto, eu não tenho opção e o sistema decidiu por mim, ela só pode começar mesmo aos 5 anos.
Quem mora na Irlanda sabe que o maior inimigo dos jovens são o álcool e as drogas.
Inevitavelmente eles começam cedo e acho que quanto mais maduros para lidar com esse problema, melhor.
Não tô com pressa.
Mia aos 4 anos, só sabe escrever o nome e Amy finge que sabe.
Eu dou papel, caneta, tinta, canetinha e cola, mas não ensino a tabuada.
Elas terão muito tempo pela frente, agora tá na hora mesmo é de brincar.
Desculpe, Chloe. 
Vida de irmã mais velha, não é fácil mesmo minha filha!

5 Comments

  1. A gente vai aprendendo…
    (Eu fui uma criança que a professora de prezinho falou que "já estava madura" e poderia ir para o primário. Sabia ler e escrever, e um ano a mais no pré eu iria achar chato. Passei para a primeira série. Era sempre a mais nova. Por anos, isso foi ruinzinho, mas não tipo um divisooooor de águas. Depois dos 15 que aguardei ansiosamente porque todas as meninas já tinham feito 15 anos menos eu, passou a ter menos importância até nem me lembrar mais. Não é o fim dos tempos, e não sei até que ponto teria sido melhor fazer o ano extra. Vai que fosse entediante mesmo).

    • Eu acho mesmo que algumas crianças já estão preparadas, mas no meu caso, em relação a Mia resolvi colocar na balança, sabe? pode ser que ela se sinta bored mesmo, mas acho que não vai fazer mal, sei lá e como ela está ali no limite (algumas escolas nem aceitam kids com 4 anos e 2 meses) eu não tive problema em segura-la mais um pouco. Conheço filhos de amigas que nessa idade já estão, vai de criança pra criança, cabe a nós pais pesarmos os prós e contras. Na verdade, tudo o que a gente faz é tentando acertar, né? xx

  2. Eu sempre fui madura para a minha idade, aos 5 era a aluna mais nova da turma e toda a gente pegava no meu pé, mas também fui sempre teimosa e sempre me esforcei para mostrar que idade e sabedoria nao tem uma ligaçao direta, sempre fui a melhor da turma e acabei a secundaria aos 17 anos, estive um ano a trabalhar para juntar dinheiro e decidir o que queria fazer na faculdade. Acho que cada criança é diferente e o teu método de entender que todos os filhos sao diferentes é otimo

  3. Aplausos para sua coragem.
    Ofereço minhas vivências amargas com relação ao tema Karine.

    Pulei do pré para primeira aos 5, o ano letivo no Brasil começa em fev e eu completava em março.
    Foi provinha para ler, escrever, alfabeto, os números, intrevista para dizer nome completo dos pais, das irmãs, avós, endereço completo e lá fui eu tagarela e inteligente e… imatura!
    Na sexta com 10 fingia dormir na aula de biologia com vergonha do tema reprodução.
    Com 11 na sétima, repeti e no ano seguinte repeti outra vez e entrei na média de idade de todos da turma.
    Na facu quem me salvava era a memória de elefante e o grande prazer de aprender… biologia, a minha maior vergonha virou paixão.
    Meu filho aqui onde moro recebeu indicação para cursar a 1. série em dois anos letivos, aprendendo uma letra por vez e não uma por dia. Foi um sarapatel de idas indignadas ao Piscologo, rusgas com a prof.a levei tudo para o lado do “estrangeiros” penalizados.
    Resumo da ópera?
    Repetiu na segunda série, foi diagnosticado com ADS.
    Duro, difícil, sofrido.
    Mães que aceitaram de boa o proginostico de capazes porém imaturos vejo hoje com suas crianças no topo do sistema.
    E eu com inveja e com vergonha de não ter aceitado. Primeiro filho, cultura desconhecida.
    Eu hoje trabalho no jardim da infância e vejo de longe qual criança está madura o suficiente.
    Meu filho na divisão de capacitação realizada na quinta série pegou a amarga pior posição com oportunidade de sair de lá para o nível médio e segui para o nível mais avançado ou cair para um nível onde o assistente é não só professor como pedagogo e a classe por força de lei apenas pode ter 6 alunos pois são considerados os com “deficiencia” de aprendizado.
    Ele nunca saiu de lá para minha tristeza, mas para minha alegria não caiu da fraca para pior.
    Em baixo da pior ainda existe a possibilidade de vc ter seu filho em uma escola privada destinada a crianças com problemas sério como autismo, Legasthenie, dislexia e ADHS severa.
    Ufa! Uma criança, um cérebro, diferentes capacidades e 5 caminhos.
    Doentes
    Descapacitados
    Fracos (meu filho!),
    Médios
    Fortes, futuros universitários.
    A sorte vem no DNA, no parto/gestação , no decorrer do histórico de saúde, acidentes, coisas do percurso.
    Amadurecer e aceitar é preciso.

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