-Para Uma Avenca partindo-
“…sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabem nem como serão ditas e nem como serão ouvidas, compreende? olha falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez eu não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme de todas essas coisas e se elas não chegarem a serem ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo o que existimos, porque elas não foram existidas completamente…
verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar… uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viver as superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, de não sentir medo desse mais fundo… você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente,… Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido… olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca”
[Caio Fernando Abreu]
“No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim, só quer me lembrar
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
Pouco antes de o ocidente se assombrar”
Ô garota, quer parar de postar esses textos que nos tocam não só o coração, mas, principalmente a alma?!?
Que texto é esse…parece que foi escrito pra mim!
Eu sempre opto pelo silêncio e saio pela tangente quando me pedem para falar coisas difíceis de serem ditas.Até porque há coisas que não devemos falar, apenas sentir e guardar dentro da gente.
“Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?” Esse trecho nos faz mergulhar dentro de nós mesmos e a questionar certos valores e comportamentos…é perfeito!De todos que você já postou esse é o meu preferido!
Beijo!
Poxa, poxa…hoje não teve post…
🙁
tá vendo minha gema?!? Só eu leio os seus posts e comento aqui…
😉