Crônica, Humor, Maternidade, Vida Na Irlanda

Os perigos da Internet ou os perigos da Maternidade

Quando eu era pequena, não existia internet.

Quer dizer, a Internet em si existe desde de a guerra fria, o que não existia era a facilidade de usa-la como nos dias de hoje.

Acho até que a lista de itens essenciais para sobrevivência de serumaninhos, deveria ser atualizada e o wi-fi deveria ser incluso junto com o whey protein.

Mas não ter internet quando eu era criança, não impediu que minha mãe fosse exposta a vizinhos e trocadores de ônibus.

Minha irmã adorava compartilhar em alto e bom som que minha mãe tinha ligado as trompas, por exemplo, era só alguém perguntar o nome dela e ela completava:

Oi, meu nome é Carla, minha mãe ligou as trompas!

O raio que essa informação valiosa para sociedade alcançava era sem dúvida muito menor do que alcançamos hoje com o Facebook, Instagram, Youtube e todas as redes sociais, mas não deixava de ser constrangedor.

Não sei se você sabe, mas Irlandeses são muito discretos.

Muito mesmo, pelo menos os que eu conheço.

Mulheres jamais compartilham cirurgias plásticas ou procedimentos estéticos.

A única dica compartilhada é “Comprei na Penney’s”

Essa semana, por motivos de que precisava resolver umas coisas com as meninas, não levei Mia e Amy para creche, mas como tinha marcado “médico” no meio e não queria desmarcar, levei as duas.

O problema é que saí de lá e elas não paravam de repetir: Mamãe tomou injeção na testa! Mamãe tomou injeção na testa!

Achei que fossem esquecer.

Que nada.

Rosinha chegou em casa e Mamãe tomou injeção na testa! Mamãe tomou injeção na testa!

Pensei comigo que tudo bem, fazia poucas horas e elas ainda estavam animadas com o fato de eu ter tomado injeção na testa e não elas.

No dia seguinte, na creche:

-Quer dizer que vocês duas mataram creche ontem? – Falou a professora.

Pois, é, você já deve saber a resposta dada, né?

Não viemos não, fomos levar a mamãe para tomar injeção na testa!

Então a dica do dia é: Se você preza muito sua privacidade, não tenha mesmo um blog, mas também, não tenha filhos, ou pelo menos, não os leve para aplicação de botox.

“Podia ser pior” – esse mantra nunca fez tanto sentido antes da maternidade, ainda bem que minha vida, é um blog aberto.

 

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