Maternidade, Vida Na Irlanda

Nenhum problema é tão grande ou tão pequeno- Saúde Mental

A vida não é fácil pra todo mundo.
Aliás, a vida não é fácil pra ninguém.
Mas para algumas pessoas, as emoções são sentidas em uma proporção que pode fazer com que o trem saia dos trilhos com mais facilidade, rapidez e sem mandar recado.
Já contei (aqui) que a Chloe é uma dessas pessoas muito, mas muito sensíveis.
Muitos pais acabam confundindo o comportamento de crianças assim, com personalidade ou mau comportamento. 
O caso dela podia ser um dos dois, com o agravante de ser pisciana.
Eu decidi investigar.
Chloe sofre de Transtorno de ansiedade.
Todos nós sofremos de ansiedade em algum grau.
Uns mais, outros menos.

Antes de fazermos um exame, antes de uma entrevista de emprego, antes do primeiro encontro e em todas as situações em que o inesperado, pode acontecer, até a pessoa mais equilibrada e confiante, sente ansiedade.

A pessoa que é diagnosticada com Transtorno de ansiedade ou Anxiety, sofre com tudo isso descrito acima,  mas com o agravante de que esse sentimento antecede eventos normais.
Por exemplo, na escola da Chloe eles começaram a ensaiar uma música para o dia dos avós.
Desde o primeiro dia de ensaio, a Chloe não conseguiu mais dormir, com medo dos avós dela morrerem, antes do dia da apresentação. 
Note, isso não foi na véspera, foi por 15 dias e eles nem doente estão.
Por 15 dias, era tudo que ela pensava.
Ela não conseguia comer ou dormir, sem tirar da cabeça que os avós não estariam vivos para vê-la cantar.
A Irlanda vem desenvolvendo um trabalho brilhante sobre a importância da Saúde mental.
O índice de suicídio entre os jovens irlandeses ainda é o maior da Europa e esse é o principal foco da campanha.
O mês de outubro é o mês oficial do Mental Health  e podemos ver muitos eventos para ajudar na arrecadação de fundos para a ajuda dos pacientes que precisam de apoio psicológico e terapia ocupacional.
A verdade é que também não é fácil conviver com alguém diagnosticado com Mental Health problems, muitas vezes a gente acaba não sabendo como ajudar, por isso, ao invés de observar o sofrimento da minha filha, eu fui buscar respostas para as minhas perguntas. 
Ainda não encontrei todas, mas nosso caminho tá mais florido.
Se você como mãe, esposa, filha ou amiga de alguém que apresenta sintomas e quer saber mais sobre como lidar, acesse o site aqui na Irlanda ou no Brasil
A saúde mental é tão importante quando a saúde física.
Nenhum problema é tão grande ou tão pequeno que não mereça a nossa atenção.

5 Comments

  1. Não costumo comentar em blogs etc, mas dessa vez meu coração mandou. Queria te pedir para tomar cuidado com essas classificações, pois sei que moras em um país de cultura anglo-saxã, onde a tendência é tratar tudo como doenças que precisam de remédios. Se eu pudesse dar um conselho, aconselharia que a Chloe fizesse algumas sessões de psicanálise, com um bom profissional. Minha irmã, quando criança, sofria de insônia crônica e foi curada somente conversando com o psicanalista enquanto, pasme, brincava com os brinquedos do consultório!

    Já eu, por ser a irmã mais velha, não tive a mesma sorte (de começar criança) e só encontrei um psicanalista aos 20 anos. Também sofria de ansiedade. Lembro, quando criança, de ter tido uma crise por ter esquecido a tabuada!!! E isso em um fim de semana… Então me vi bem retratada na história da tua filha.

    Enfim, essa é minha experiência pessoal. Decidi comentar porque tenho pavor de imaginar uma criança tão bonita sendo medicada com ansiolíticos ou algo do gênero, enquanto poderia ficar melhor apenas falando um pouco com um psicólogo. 😉

    Abraços,
    Dani

  2. Me vi na Chloe. Desde pequena sofro com esse problema. Nunca buscaram tratamento para mim, e eu nem depois de "véia" tbm fui atrás. Sofro. Todos os dias. A todo momento. É um grau de desespero sem explicação e eu só posso imaginar o que ela passa, nos dias de hoje. Eu vomitava todo dia antes de ir para escola. Minha mae tinha que parar no caminho da escola pq eu estava passando mal. Era sempre no mesmo lugar.
    Hoje, com quase 30tão, ainda me vejo no desespero se meus pais não atendem o telefone. Já levei bronca da minha mãe por ligar pra ela e ela não atender e eu alertar a familia inteira de que minha mae tinha sumido pq não atendia o telefone. E veja você, ela não ouviu o celular tocar. Que coisa não? É muito dificil, é desgastante.
    Já me receitaram remedios e nunca tomei. Não quero me ver escrava de remedios. Mas também nunca procurei outro meio de tratamento – aliás, já tentei homeopatia e nunca me fez efeito. Sei lá… sou dessas que deixa pra depois e o depois nunca chega…. Mas sim, me compadeço pela Chloe e por você. Muita paciencia e amor eu sei que vc tem de sobre!

    ;*

  3. Eu acho super corajoso da sua parte de falar sobre saúde mental, eu acho sim que devemos falar, mas sempre tem preconceito no meio.

    Também tenho TAG, como a Chloe e é difícil. Como explicar para alguém que não sente isso que um encontro com os amigos para pedalar (normal né?) conseguia tirar meu sono por dias? Todo mundo tem sempre tanto conselho e pitaco, não é mesmo? Eu espero que a Chloe consiga desenvolver boas tools para ter uma qualidade de vida boa, aprender a não sofrer pelos "ses" que a vida mostra é um caminho longo, mas possível. Eu consegui controlar melhor (porque a TAG não vai embora), na vida adulta, depois de muita terapia.

    PS:Sou neuropsicóloga também e os estudo indicam que terapias breves são a melhor escolha em casos de TAG. Tem outras possibilidades como Yoga, meditação, atividade física etc e remédio. Sim, as vezes remédio ajuda, pois o cérebro de quem tem TAG não funciona igual a um sem e as vezes é necessário, ninguém tem que ter vergonha disso, não é fraqueza tomar remédio e afinal de contas,a vida é curta demais para passarmos a maior parte dela com medo/ansiedade do que virá.

  4. Olá Karine, achei muito lindo você compartilhar o problema da Chloe, afinal tem muitas pessoas que esconde os problemas e por quase sempre quando descobrimos elas dizem já passou, isso é muito sério e que bom que você esta procurando o tratamento para ela, muitas crianças sofrem disso e as pessoas acham que é pirraça que aparecer ou outra coisa qualquer. muito bom o teu relato para alertar outras mães que por vezes tem algum filho com este transtorno de ansiedade, eu trabalho num posto de saúde e por muitas vezes as mães chegam pedindo calmantes para os filhos, a resposta do médico é leve seu filho para uma terapia com o psicologo, coloque para fazer atividades físicas, leve para um parque para correr, ou então sente e converse com ele, só que nós sabemos que isso não acontece ela sai do consultório sem o remédio mais também não vai procurar outro meio.
    O que é bem diferente do teu caso você tem muito amor pelos teus filhos o que faz a grande diferença e com certeza esta trazendo uma reflexão para nós os teus leitores, amor é fundamental a criança se sente mais protegida, por isso que ela acha que a mãe tem que ser só dela a todos os instantes e que os irmãos não os roubem essa fortaleza por que é só dela, se torna um tanto complexo mais com o teu amor carinho e dedicação eu tenho certeza que tu irás chegar lá, nós sabemos que os jovens estão com uma situação de suicídio muito grande coisa alarmante, o que nos resta é rezarmos pedir aos anjos que cuide das nossas crianças com todo o seu estímulo entusiástico, por que amor a Chloe tem bastante de todos vocês.
    Um grande beijo para todos!
    Iran Almeida

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