O Guest Post dessa semana, conta a estória da Thaís, que escreve o site Mamãe Tagarela.
Ela e o Marido Rafael, também Brasileiro, já até tentaram “fugir” da Irlanda, mas não conseguiram e voltaram.
Conheça um pouco da história atípica (e encantadora!) deles!
Ela e o Marido Rafael, também Brasileiro, já até tentaram “fugir” da Irlanda, mas não conseguiram e voltaram.
Conheça um pouco da história atípica (e encantadora!) deles!
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@annaflavia.photography |
-Bora morar fora?
-Bora!
E assim começou a aventura de um casal brasileiro no exterior.
Era Janeiro de 2008, tínhamos 26 anos recém completos, nenhum filho e nada que nos prendesse ao Brasil.
Estávamos desiludidos com a desvalorização das nossas profissões (ele psicólogo e eu fisioterapeuta) e decidimos tentar a vida fora.
-Vamos para o Canadá!
-O visto para o Canadá levaria muito tempo. Vamos aproveitar que temos passaportes europeus e vamos para Europa!
Assim escolhemos Irlanda como destino.
Ok, não foi assim tão rápido, levamos meses pesquisando até desistir do Canadá e optar pela Irlanda.
Diferente da maioria das pessoas que vieram para a Irlanda, nós viemos para ficar.
Não para estudar, mas para ficar, criar raízes.
Claro que com uma mochila nas costas. “Se não der certo vamos para outro país”. Pronto, a Europa nos pertencia.
Casamos em julho de 2008.
Meses depois estávamos desembarcando na Irlanda.
Ele começou logo em um emprego de atendimento ao cliente de um site de jogos.
Eu fui estudar inglês, já que quando era mais nova eu preferi aprender francês.
6 meses depois eu estava me inscrevendo em um curso longo de 1 ano e meio de massoterapia e ele já estava entrando mais para a área do marketing da empresa.
Continuamos lutando pelos nossos sonhos e não foi fácil. Ralamos muito.
Chegamos a andar 2km a pé para economizar dinheiro do ônibus.
Passei muito frio porque não tinha dinheiro para comprar roupa de inverno.
Mas não desistimos.
Em 2010 ele conseguiu um emprego de marketing digital em uma empresa em Dundalk, co Louth, fronteira com a Irlanda do Norte. Larguei as minhas clientes em Dublin e a busca por emprego na minha área (eu estava recém formada) e lá fomos nós.
Quase 2 anos lá eu engravidei.
Era Dezembro de 2011 quando descobri a gravidez e o pesadelo começou ali.
Perdi o bebê com quase 3 meses e fui parar no hospital de Drogheda (mais tarde fiquei sabendo ser um dos piores do país).
Era gente deitada no chão nos corredores, sangue nos lençóis…
“Me tira daqui, eu quero ir embora para casa. Quero ter meu filho perto dos avós.”
Não vou entrar em detalhes do que aconteceu comigo naquele hospital naquele dia e no mês seguinte porque é um assunto que não falo abertamente.
Mas não foi fácil passar pelo o que eu passei.
Voltamos para o Brasil em junho de 2012 achando que nunca mais pisaríamos novamente na Irlanda. Foram 4 anos de Irlanda até aqui.
Engravidei no Brasil, tive um bebê menino chamado Eric.
O marido fez MBA em marketing digital na FVG e continuou trabalhando na área.
Odiava o emprego dele e não tínhamos dinheiro para nada.
A verdade é que a nossa situação não estava legal.
Até que um dia um amigo da Irlanda falou para ele “me dá o seu CV que tem um emprego na minha empresa que é a sua cara”.
E era mesmo.
Assim ele fez duas ou três entrevistas no Skype, um trabalho para a empresa e recebeu a proposta.
Estávamos voltando para a Irlanda.
A notícia foi um misto de alegria com tristeza.
“Poxa vida, meu filho é um bebê de 10 meses e vou ter que tirá-lo do convívio dos avós”
Aliás, os avós quase infartaram quando souberam.
Mas todos sabíamos que não tínhamos dinheiro nem para o aluguel e que na Irlanda poderíamos dar muito mais para o nosso filho.
Foi uma correria para tirar os documentos de viagem do bebê: passaporte brasileiro, passaporte português, mas conseguimos.
Em julho de 2014 voltamos e dessa vez foi sim para ficar.
Um ano e meio depois tivemos outro bebê, uma menina dessa vez. Eric e Mia são os nossos filhos. Eric está com 3 anos e 3 meses.
Mia está com 8 meses.
Não me arrependo de ter voltado e não saio mais daqui.
Se tivesse trabalho com um salário decente para nós no Brasil, nós teríamos ficado.
Claro que a convivência com os avós conta muito e que a ajuda deles faz falta.
Não é fácil estar sozinha com duas crianças a maior parte do tempo.
Passo o meu dia alimentando, amamentando, limpando bunda e separando brigas. Existem os momentos bons também, mas estou me referindo ao trabalho que eles dão.
Morar longe dos avós é nem poder filar o almoço de domingo, é não ver a alegria da interação entre vovó e netinho, é não ter uma mãozinha com as crianças.
É bem difícil.
Mas se você tem um sonho, lute por ele. Se você quer morar fora e tem uma situação que te permita tentar, vá à luta. Mas prepare as suas armas: falar a língua local para conseguir um bom emprego é o mínimo. Experiência na sua área, passaporte europeu e diploma também ajudam. Se você não tem essas coisas, não desista, estude, invista seu tempo. O retorno é questão de tempo.
Para saber mais da Thaís e suas aventuras em família, siga o Facebook da Mamãe Tagarela, clicando (aqui)
Para ler o depoimento de outros Brasileiros na Irlanda, clique ( aqui )
Thais,
Que pena sua experiencia no hospital de drogheda não ter sido boa. Eu tive meus dois filhos lá e não tenho do que reclamar! No mais, concordo que criar filhos longe dos avós é mais difícil, mas se somos decididas a ficar temos que nos adaptar! Um beijo e tudo de bom.