Uncategorized

Eu não sou feminista, porque não preciso ser.

As vezes, entre um post e outro, ou uma conversa ou outra com uma amiga sobre a vida que eu levo, eu digo brincando que adoro ser Amélia e que não entendo essa briga por igualdade de direitos (e deveres) que tanto as feministas lutam.
Mas é brincando.

Não sobre gostar de ser Amélia, porque disso eu gosto mesmo, mas porque essa foi uma escolha e não uma imposição.

Hoje moro em um País que como quase todos os outros, nas gerações passadas (bem recentemente, até), a mulher era encarada como um objeto, sem voz, sem desejos e sem direitos.
Agora isso mudou.

Graças as feministas, eu não preciso ser feminista, veja você. Elas já queimaram seus sutiãs por mim.

Aqui na Irlanda, em entrevista de emprego é proibido perguntar a uma mulher se ela é casada, ou não, se tem filhos, ou não.
A mulher tem que ser remunerada da mesma maneira que um homem que ocupa o mesmo cargo e nas mesmas condições.

A Irlanda foi um dos primeiros países a ter uma Presidenta.

Aqui na Irlanda, Pais levam seus filhos a parquinhos, ao mercado, a museus e onde mais der na telha sem a presença das mães, e não estamos falando de casais separados.

Aqui na Irlanda, é comum entre casais com filhos , o marido ficar em casa cuidando das kids enquanto a mulher trabalha fora (bem fácil ver essa realidade quando vou buscar Breno e Chloe na escola) e vice-versa, claro.

Aqui na Irlanda a mulher divide os cuidados com o recém nascido com o marido desde o dia 1.

Aqui na Irlanda, mesmo sendo eu uma SAHM*, tenho o direito de sair com as amigas e viajar sozinha enquanto meu marido (e marido das amigas) cuidam das crianças, sem que outras pessoas julguem (porque você sabe, mulher adora julgar mulher)

Aqui na Irlanda, nas escolas, meninos aprendem a cozinhar e costurar.
Ganham bonecas e carrinhos de bonecas de presente.

Respeitam as mães e mulheres.

Aqui na Irlanda você vai a uma loja normal e encontra roupa de todos os tamanhos.

Aqui na Irlanda, os homens são chamados de “bundões” por brasileiros que acham engraçado normalmente não rolar beijo no primeiro encontro e nem demonstrações públicas de afeto, porque o homem irlandês não vê a mulher como troféu.
Eu não sou troféu.

E nós aqui, também não vemos propagandas de mulher-objeto-decalcinha-gostosona no intervalo do jornal.

E mulheres bebem como os homens, e bebem o que quiserem, na quantidade que quiserem sem serem tachadas por isso.

Eu não sou feminista, porque não preciso ser. Elas já lutaram por mim e pelas minhas filhas.

Porque em 1970 um grupo delas foi até UK e voltaram com anticoncepcionais que na época eram proibidos na Republica da Irlanda.

A minha contribuição para que a diferença entre os sexos se extingua, é criar um filho que não seja machista e filhas que saibam que elas podem ser tudo o que quiserem e que sua condição de mulher não é empecilho para nada, graças as feministas.

Eu não sou militante, mas de uma maneira ou de outra, exerço meu feminismo dentro da minha casa, visto a camisa e educo crianças.

Meu peito é de silicone, mesmo assim, se quiser, sou mais macho que muito homem.

.

P.s.: Escrevi Homem Irlandês, mas é lógico que há exceções.
Infelizmente.

*SAHM – Stay at home mom – Mãe que fica em casa cuidando das kids 24/7.

18 Comments

  1. Eu acho isso lindissimo,pena que o Brasil esta à anos luz disso. Happy v-day.

  2. Nossa posição hoje em dia é muito mais confortável, já não precisamos queimar sutiãs, que maravilha! Mas pelo jeito a Irlanda está muito à frente nesse questito do que vários países ocidentais. Sorte a sua, aproveite!
    (Renata Marques)

  3. Seus posts são os melhores !

  4. Muito bem colocado: "A minha contribuição para que a diferença entre os sexos se extingua, é criar um filho que não seja machista e filhas que saibam que elas podem ser tudo o que quiserem…"

  5. Admiro muito isso dos pais irlandeses estarem passeando com os filhos e dando atenção, conversando,esperando pelo tempo e passinho da criança. Vejo isso no modo como meu marido criou os filhos e toda paciência e jeito com os netos.

  6. Falou tudo!!! Infelizmente ainda rola muito aquela coisa de que americano tb é bundão porque trata bem, porque sai pra jantar, porque leva a mulher no shopping e ajuda em casa. Aqui sair beijando, se agarrando, se esguelando no 1st date é coisa de gente desesperada.No nosso país é uma coisa enaltecida, como se isso fosse demonstração de interesse, de algo sério.Realmente,o Brasil ainda tem muito o que progredir nesse aspecto.Parabéns pelo post!

  7. O que acho muito legal ressaltar é que isso é historia recente aqui na Irlanda, uma mentalidade que mudou com os tempos e com a educação do povo. Não existe desculpa esfarrapada, faz sentido, tem que mudar. Admiro os Irlandeses por isso.

  8. Post nota 1000!!

  9. Olha, que texto bem escrito. Meus parabéns, você disse tudo!

  10. se vc cria seus pequenos para nao serem machistas, voce é feminista sim!!! 🙂 feminismo é a luta pela igualdade. na irlanda o feminismo já é aplicado, e é muito, muito alem de queimar o sutia (explicadissimo por voce no post: divisao com as criancas, salarios etc). e vivendo esse estilo de vida vc poe em pratica o feminismo. (e nos lembremos que 95 por cento do mundo infelizmente nao é assim, incluindo o brasil, entao a luta, mesmo que seja por meio de exemplo, continua!) beijao

  11. Nossa, acho que vou mudar para a Irlanda porque uma das minhas maiores decepções aqui na França foi perceber como são machistas e preconceituosos.

  12. Perfeito!!! Aqui no Brasiléuma hipocrisia danada, porque mulher critica mulher msm! Vontade de morar numpais assim nãomefalta!!! beijossssss

  13. Muito bem colocado ….muito bem escrito…infelizmente aqui será que muda alguma coisa daqui à 50 anos???? sorte sua morar na Irlanda…bjs

  14. Que vontade de catar as tralhas, a Pituca, marido e fugir para a Irlanda, rsrrssr.

    Otimo texto!!!!

    Beijocas

  15. Te admirava muito, muito….te admirei muito mais hoje….que perfeita colocação de ideais em um texto, vc está de parabéns!!!!

  16. Por isso que eu adoro namorar os gringos, eles tratam a gente diferente, eles respeitam as mulheres, não são que nem os brasileiros que nos usam, nos veem como objetos e troféus e não nos respeitam em nada…

    Está explicado porque meus boys gringos me tratam tão perfeitamente bem.

    🙂 Beijos, Ka!

  17. Ameiii o texto!
    Essa coisa de mulher ser exibida como troféu é muito ruim mesmo! As pessoas entram numa relação e já tem que postar no face e sair se agarrando na rua muitas vezes para não serem considerados estranhos -isso aqui no BR- acho rídiculo!

Deixe uma resposta