Crônica, Karine Keogh

Ninguem consegue me ofender.

Um dia desses aqui no meu apt assitindo a um filme onde tinha um casal, a Mia virou pra mim e falou:

– Mãe, você e o dad nunca mais vão poder voltar, porque vocês são como irmãos e irmãos não podem beijar na boca e nem dormir juntos.

Pode parecer bobo, mas naquele momento senti orgulho dos filhos que eu estou criando. Com eles não tem drama. A Chloe, que é a única que tinha esse “talento” , superou faz tempo.

Minha separação não teve impacto negativo na vida deles, continuamos passando a maioria do tempo juntos, como familia, a única relação que mudou foi a minha e do E., e nossa separação como casal tem sido tao tranquila como foram os primeiros 10 anos do nosso casamento e vendo as kids se adaptarem tão tranquilamente só me dá  mais paz de saber que mais uma vez acertei nas minhas decisões.

Eu nunca li livros sobre a maternidade, na época que tive o Breno, blogs nao existiam e apesar de ter 22 anos, sempre segui os meus instintos. Maternidade nunca foi um peso pra mim, não porque eu sempre soube como ser mãe, mas porque eu sempre desconfiei que o que é  bom pra mim, é consequentemente bom para os meus filhos. Nunca me cobrei, nunca me tranquei no banheiro para chorar, nunca me senti culpada, nem exausta (beneficios de uma neurodiverse brain!) e não estou dizendo com isso que sou uma mãe impecável,  ao contrário, minhas filhas não são bilíngues,  amamentei pouquíssimo, nunca permiti que eles dormissem na cama comigo e na unica vez que me descontrolei e dei uma palmada na Chloe sofri consequências desproporcionais, e  você  pode enxergar de duas maneiras: eu como sendo uma pessoa desapegada sem o menor talento para a maternidade, ou uma mulher pragmática que nunca parou para pensar ou me preocupar como as pessoas me veem – porque eu sempre fiz o meu melhor e meu melhor sempre foi suficiente- vide os filhos que tenho.

O que as pessoas acham de mim, nunca foi problema meu.

Se você lê meu blog e supõe que a minha vida seja perfeita pelo que compartilho, e depois descobre que sou humana (!), o problema não sou eu que preferi respeitar os indivíduos envolvidos na minha vida e não compartilhar tudo aqui, o problema está na pessoa que acreditou em uma versão de mim que ela criou e acha que eu, tenho obrigação de dividir tudo, só porque escrevo um blog, gente, eu não divido tudo nem com amigos, quem dirá aqui no blog!

Eu só  sei que nunca me comparei a mulher alguma em qualquer esfera da vida – me inspirar sim, me comparar, não!

Nunca olhei para fulana e pensei: Nossa que mãe maravilhosa, quero ser como ela! – porque desculpe, sou inteligente demais pra isso. Olhei milhares de vezes admirando outras mulheres, mas sem querer ser igual.

E por justamente saber que filhos do mesmo pai e mãe não são iguais, quem dira o filho da amiga ou do vizinho, ou seja, se eu, mãe de 4, tenho diferentes estilos para educa-los entre si, como acreditarei em livros- blogs e outras mães- que me dizem que devo fazer isso ou aquilo?

Agora, essa sou eu. Você não precisa ser assim.

Se ler livros e seguir conselhos de leigos, de amigos, conhecidos, te ajuda a tomar decisões com mais confiança, se joga neles.

O que eu não vou mais fazer é  me diminuir por ser quem sou para que outras pessoas se sintam confortáveis, já fiz, não faço mais.

Se me segue, se é minha amiga, vai ter que aprender a lidar com a confiança que tenho nas minhas escolhas e no meu modo de viver a minha vida, minha sexualidade, minha privacidade e minha maternidade.

Tenho filhos maravilhosos, felizes, saudáveis e que sabem que apesar do bem estar deles serem minha prioridade, eu tenho vários papéis nessa vida além de ser mãe, que como mulher eu assumo meus BOs , que como profissional sou competente, que como amiga (das que não são minhas amigas só  por conveniência) sou leal e disponível e que como pessoa sempre soube que para me sentir poderosa ou justificar uma má escolha não preciso desvalorizar o outro, aliás não preciso nem citar o outro.

Escrevi tudo isso pra responder a uma pessoa que me perguntou se críticas e julgamentos alheios não me chateiam,  então para terminar, vou complementar meu raciocínio parafraseando Leandro Karnal:

‘Eu só  posso me ofender, se eu não me conhecer. Se alguém me insultar dizendo algo pessoal sobre mim, há duas hipoteses: a pessoa está falando a verdade, ou ela está mentindo. Caso seja mentira, não tem porque eu ficar ofendido. Caso seja verdade, também não tem porque eu me ofender- já que eu sou o que escolhi ser’

Construa a sua vida, sua felicidade, sua família, seus planos sem projetar no coleguinha.

Se você decidir se projetar e não conseguir acompanhar, a culpa é exclusivamente sua, mas talvez terapia, sexo, ocupar a vida e a cabeça, resolva.

E se criticar o outro é considerado exercício de evolução, e ele está presente na sua meditação, o nome disso é paixão, e muito provavelmente das platônicas.

Deus me livre de tamanho encosto.

E quanto as criticas dirigidas a mim, não, elas não me ofendem. Pode continuar.

Karine keogh blog

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